Você
já passou pela esperiência de ter atropelado alguém? Espero
sinceramente que não. Eu já, 3ª feira, dia 17 de abril 2012, às 14h30,
rodovia BR-101 sentido Palhoça /São José.
Era
meu primeiro dia de férias mas eu precisava fazer duas coisas,
primeira, procurar uma Clínica ou Laboratório para agendar uns
exames solicitados pela dra. Cintia, minha médica cardiologista,
segunda, precisava terminar um serviço na SDR que não gosto de
deixar nada mal terminado. E o trânsito estava uma merda, aliás a
merda de sempre.
Uma
obra numa das pistas da BR-101 havia inaugurado o caos e o cenário
era o seguinte: carros, ônibus e caminhões a meia pista andando em
marcha lenta, a passo de tartaruga e motos passando voando por entre
a turba. Olhei para a via marginal e observei que o trânsito fluia
por lá, o dia passa célere, o tempo corre ligeiro e eu tinha muitas
coisas para fazer e então tomei a decisão fatídica, sair da BR-101
e passar para via marginal. Mas as motos não permitiam a manobra,
como já falei milhares delas passavam numa velocidade louca por
entre carros e caminhões que trafegavam naquele passo lento. Fiquei
aguardando uma oportunidade de guiar meu carro para outra pista, a da
direita para e finalmente pegar a marginal. Eu juro que olhei pelo
espelho retrovisor da porta direita do carro e não ví moto alguma,
na sequência engatei a marcha e pus o carro na pista da direita.
Então ouvi um estrondo tremendo, uma moto havia batido violentamente
na porta direita do meu carro, um grito de mulher, agoniado e
apavorante deu-me a percepção de que estava envolvido no meu
primeiro acidente de trânsito. A moto caiu para o lado do asfalto
carregando o motoqueiro, a mulher, carona, foi expelida do banco,
saltou para cima e caiu de cabeça na rodovia. Fique aturdido mas
consegui serenidade para levar o carro até o meio fio e estacionar.
Até
aquele instante o momento mais difícil da minha vida eu considerava
quando quase morri numa cama de UTI depois de ser submetido a um
procedimento cirúrgico para colocação de Stend em duas artérias
coronárias. Mas naquele exato momento eu estava atônito sentado no
meu carro e havia um corpo de mulher estirado no asfalto. Nunca vou
poder descrever esse momento na riqueza de detalhes que lhe é devido
para que as pessoas que nunca passaram por isso entendam a dimensão
exata do sofrimento e da angústia a que fui submetido.
Desvencilhei-me do cinto de segurança e corri para socorrer a
vítima. O marido, mancando numa das pernas e segurando um dos braços
com a mão, foi de encontro a mulher e começou a retirada do
capacete. As pessoas em volta diziam para ela não se mecher até
chegar socorro, ajudei a retirar o capacete. Falei para ela procurar
mexer o pé, ela tentou e mexeu, pedi que procurasse mexer com os
dedos das mãos, a mulher tentou e conseguiu mexer, estava tudo bem
com os membros superiores e inferiores, nenhuma fratura. Ela havia
batido com a cabeça violentamente no asfalto mas o capacete
salvou-lhe a vida. Logo depois chegou o carro dos bombeiros, também
do Samu e após os atendimentos de praxe levaram a mulher para o
Hospital Regional.
A
moto não sofreu nenhuma avaria, os prejuízos ficaram por conta da
porta do meu carro totalmente amassada e do espelho retrovisor
quebrado. Numa situação dessas prejuízos materiais perdem a
relevância, pelo meonos para mim, uma vez que o que mais importava
naquele momento era que a vida daquela mulher estirada no asfalto
havia sido poupada. Dei o número do meu telefone, apertei a mão do
sujeito e fui embora, até relativamente feliz e aliviado.