Outro
dia (novamente) assisti o filme SEMPRE AO SEU LADO que conta a história de Hachiko
um cãozinho que foi achado no Metrô em meio a embrulhos de papelões
por um professor universitário chamado Parker (Richard Gere). Depois
de procurar pelo dono na estação de trem decidiu entregá-lo para
uma instituição especializada mas ninguém quis aceitar e o
professor, meio a contra gosto, decidiu adotá-lo levando-o para sua
casa. Desse dia em diante "Hachi" acompanharia o seu dono
todos os dias, até a estação do metrô para o ver partir para o
trabalho e depois retornando à estação, todas as tardes, para
cumprimentá-lo no seu retorno para casa ao final de cada dia.
Um
dia esta rotina foi interrompida e a história de Hachi mostra a fiel
devoção de um cão ao seu dono como também o poder do grande amor
que pode existir entre um animal e seu protetor aqui na terra. Não
preciso dizer que ninguém aguenta assistir esse filme sem chorar
assim de soluçar e se você ainda não assistiu que se prepare.
Mas
porque estou contando que assisti esse filme? É que senti vontade de
falar sobre essa coisa do cão escolher o seu dono, seu protetor, seu
preferido entre todos os moradores de uma casa que nessa vida tenha
se transformado em lar para ele. Ninguém sabe porque isso ocorre mas
é certo que um cão sempre tem, entre seus donos, o seu dono
preferido e, por isso, resolvi contar a história do "Jack",
nosso boa praça cão da raça pit bull.
Jack chegou a nossa casa há oito anos atrás e era assim como está na foto. Tinha apenas um ano de idade mas já era um cão pesado, enorme, cabeção, cara de mau, latido forte e rouco. Cedo descobrimos duas coisas sobre ele: Primeiro, que Jack não passava de um bebezão grande, segundo, que tinha uma predileção muito forte pelo meu filho mais velho. Desde o primeiro momento estava bem claro para nós que o Jack já havia escolhido o preferido entre seus novos donos.
Jack chegou a nossa casa há oito anos atrás e era assim como está na foto. Tinha apenas um ano de idade mas já era um cão pesado, enorme, cabeção, cara de mau, latido forte e rouco. Cedo descobrimos duas coisas sobre ele: Primeiro, que Jack não passava de um bebezão grande, segundo, que tinha uma predileção muito forte pelo meu filho mais velho. Desde o primeiro momento estava bem claro para nós que o Jack já havia escolhido o preferido entre seus novos donos.
Jack
apesar de ser um bom e pacato cão da raça pit bull não costuma
fazer festa, latir feliz ou abanar o rabo para ninguém que não seja
para meu filho mais velho. Quando eu ou alguém aqui de casa chega do
trabalho ele vem com aquele seu jeitão assim meio desengonçado dá
uma lambida na perna, demonstra algum carinho mas não passa disso,
festa somente para o Jacques.
Os
primeiros anos foram muito bons para os dois. O Jacques gostava de
sair a passear com seu cão pit bull pelas ruas e praças do bairro
onde morávamos, Bela Vista, São José. Juntos faziam brincadeiras e
Jack, todo feliz, corria de um lado para o outro no quintal atrás de
paus que meu filho jogava bem longe para que ele fosse buscar.
Mas
um dia tudo mudou e três acontecimentos interferiram de forma
decisiva para interromper essa rotina saudável e feliz da vida de
Jack. Primeiro, meu filho casou, chegaram os filhos Davi e depois a
Brenda, segundo, a chapa em que o Jacques fazia parte ganhou as
eleições para o Sindicato dos Correios, terceiro, o proprietário
da casa onde vivemos por seis anos decidiu pela demolição do imóvel
para construir um prédio de apartamentos. O Jacques foi morar em
Barreiros e eu e meus dois filhos caçulas nos mudamos para Palhoça.
Jack
foi o mais prejudicado pelas mudanças que ocorreram. Seu dono
escolhido ficou sem tempo para ele, realmente, o envolvimento de meu
filho nas tarefas do sindicato onde precisa constantemente viajar
pelo estado e pelo Brasil, a assistência e o tempo que precisa
dedicar a família, esposa e filhos mais a distância entre a casa
dele e a nossa simplesmente roubaram de Jack a coisa que ele mais
gostava que era a companhia de seu dono.
Pode
passar dias ou meses, não importa, quando o Jacques aparece aqui em
casa a festa é sempre a mesma com muitos latidos e abanação de
rabo, depois, quando meu filho vai embora a gente percebe a tristeza
no olhar e a falta que ele sente.
É
uma pena os animais não falarem e a gente só poder entender suas
necessidades através de sinais que eles nos transmitem mas eu
desconfio que o Jack ainda alimenta a esperança de um dia viver
novamente junto a seu dono preferido e reviver com ele os passeios,
as brincadeiras e as broncas quando aprontava.
Jack
está com nove anos e felizmente não pode entender que por causa da
idade avançada talvez esse seu sonho nunca se realize.
De
qualquer forma o Jack é um cão de sorte porque enquanto existem por
aí muitos cães abandonados e perambulando pelas ruas ele tem um
lar, alimento, carinho e proteção. Uma pena que os animais, ao
contrário dos seres humanos, não sejam levianos e não tenham essa
facilidade que nós temos de trocar sentimentos de amor de uma pessoa
para outra segundo nossas conveniências. Senão eu diria para ele,
definitivamente, esquecer o Jacques e escolher alguém da casa mas ao
mesmo tempo sei que é pedir demais, que é afrontar demais
sentimentos tão fortes, intensos, de lealdade e amizade de um cão
depositados tão generosamente a alguém para o resto de sua vida.