Tenho
seguidamente ouvido dizer isso: "feliz é aquele que ama o que
faz". Evidentemente que isso é uma verdade incontestável, mas
e quando estamos naquela função determinada pela necessidade do
momento, quando se trata de optar por agarrar a oportunidade de
trabalho ou é o desemprego?
Tenho pensado muito
nisso porque vez em quando dá vontade de afirmar isso a meus filhos
"feliz é aquele que ama o que faz" , dá uma vontade
imensa dizer a eles essa verdade resumida nessa frase de estímulo
para orientá-los que sigam uma profissão que seja apaixonante para
eles. Mas eu tenho medo de dizer, confesso. Prefiro dizer que
qualquer atividade que exerçamos em nossas vidas devemos executá-la
com competência, com planejamento, com organização, com objetivos
claros, com honestidade, com ética, com responsabilidade acima de
tudo.
De
que adianta amar uma profissão se esquecemos qualquer um desses
princípios? Adianta de nada. Amar uma profissão não basta se a ela
não dedicamos nosso estudo e pesquisa, se não projetamos o futuro
que queremos quando abraçamos uma atividade seja ela qual for. Mas o
pior, o trágico, é quando a irresponsabilidade se une a completa
falta de tesão por aquilo que se faz. Alguém sempre vai pagar por
isso. Aquela enfermeira que estava de plantão na UTI do hospital
(não vou citar o nome) por ocasião de um procedimento cirúrgico
nas minhas artérias carótidas é um bom (ou mau) exemplo do que
estou falando. Ela devia ficar atenta 24 horas na observação dos
pacientes mas, ao invés disso, se distraia na internet trocando
figurinhas com alguém em alguma rede social. Por três vezes falei
que não estava bem, que estava me sentindo muito mal e ela apenas me
disse: se piorar muito me fala. A minha grande sorte foi que naquele
momento crítico a enfermeira chefe passou por ali, olhou o
termômetro da pressão acima da minha cabeça e então foi aquela
correria. De repente me ví cercado por enfermeiras e médicos
ditando procedimentos de urgência para salvar minha vida de modo que
graças a essa equipe médica de plantão e, principalmente, a
enfermeira chefe hoje estou aqui escrevendo essas linhas.
Gostaria
muito de poder perguntar para aquela enfermeira do plantão daquela
noite que costuma se distrair nas redes sociais enquanto os pacientes
ficam gemendo em seus leitos se ela ama sua profissão, se ama o que
faz e se é feliz...De que adianta dizer que somos felizes porque
amamos uma profissão ou alguém, porque amamos nossos filhos, nossos
irmãos, nossas esposas ou maridos se deles não cuidamos com
responsabilidade? Pelos exemplos de amor que tenho observado só
posso chegar a essa conclusão: que muita gente ama só da boca para
fora. Até as pessoas que dizem com aquele fervor característico que
amam a deus estão sob suspeição pois suas atitudes egoístas na
vida nem de longe correspondem ao que deus supostamente espera delas
que é viver solidário a dor do seu próximo.
######################