domingo, 25 de novembro de 2012

GUARDIOLA, O BRASILEIRO E O "COMPLEXO DE VIRA-LATAS"






       O Brasil tem os melhores técnicos de futebol do planeta terra e quanto a isso eu não tenho a menor dúvida. A vida de treinador nesse país de tantas culturas, costumes, ideologias e de dimensão continental não é nada fácil. São quase 200 milhões de "experts" de futebol que, no fundo, gostariam mesmo é de ver seu time completo com a camisa canarinho. Mas um fato novo tem mexido com essa torcida nos últimos dias, um não dois fatos, o primeiro foi o anúncio pela CBF da demissão do técnico Mano Meneses e o segundo o oferecimento de Pep Guardiola para ocupar o cargo deixado por Mano.
         Esse oferecimento não causaria surpresa a ninguém se aqui não trabalhassem os melhores e mais capacitados técnicos de futebol do mundo como é o caso de Luis Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo, Abel Braga, Cuca e tantos outros. Não obstante o técnico Guardiola ter um currículo invejável de conquistas na Europa mas aqui não precisamos dele nem nunca vamos precisar pelo simples motivo da nossa mão de obra ser melhor que a deles. Se a maioria dos brasileiros acredita nisso é outra história. Comprovadamente, o brasileiro na grande maioria, sofre do "Complexo de Vira-lata", você sabe o que é isso?
   "Complexo de vira-lata" é uma expressão criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro     Nelson Rodrigues no qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a seleção brasileira foi derrotada pela seleção uruguaia na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. O Brasil só teria se recuperado do choque (ao menos no campo futebolístico) em 1958 quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez.
    Para Rodrigues, o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico. Segundo ele,
por “complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca voluntariamente em face do resto do mundo”. Ainda segundo Nelson Rodrigues,
o brasileiro é um narciso ás avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto estima”.
      Em 2004 ninguém mais lembrava dessa expressão Rodriguiana mas foi recuperada pelo jornalista norte americano Larry Rother ( “the mongrel complex”) quando na ocasião escreveu para o The New York Times uma matéria sobre o programa nuclear brasileiro.
Escrevendo nos anos 1950, o dramaturgo Nelson Rodrigues viu seus compatriotas afligidos por um senso de inferioridade, e cunhou a frase que os brasileiros hoje usam para descrevê-lo: "o complexo de vira-lata". O Brasil sempre aspirou a ser levado a sério como uma potência mundial pelos pesos-pesados e, portanto, dói nos brasileiros que líderes mundiais possam confundir seu país com a Bolívia como Ronald Regan fez uma vez, ou que desconsiderem uma nação tão grande - tem 180 milhões de pessoas - como "não sendo um país sério", como Charles de Gaulle fez.
    O Brasil estaria assim, desejoso de ser reconhecido como igual no concerto das nações, mas tropeçaria sucessivamente em sua baixa auto-estima reforçada pelos incidentes folclóricos acima relatados e outros do mesmo gênero ("a capital do Brasil é Buenos Aires", "os brasileiros falam espanhol" etc) sucessivamente cometidos pela mídia e autoridades estrangeiras.
     Querem alguns bons exemplos da "síndrome de vira-lata" na atualidade? Perguntem a um bom número de brasileiros quem foi melhor se Pelé ou Maradona, os argentinos (100%) dirão que foi Maradona,  já os brasileiros... em Barcelona há uma grande dificuldade entre os locais para saber quem é o melhor, se Messi ou Ronaldinho Gaúcho, no Brasil alguém tem alguma dúvidade que é Messi?  
    Entre os brasileiros em geral o campeonato espanhol, italiano ou até inglês faz muito mais sucesso que o próprio campeonato nacional, é só olhar a audiência. Italianos espanhóis e ingleses estão preocupados com o que acontece por aqui em matéria de futebol? Nem um pouco. Mas é que não sofrem, como nós sofremos desse madito e incorrigível "complexo de vira-lata"... quando vamos nos livrar desse mal? Não tenho nenhuma esperança que possa ocorrer dentro de, no mínimo, cem anos. 
     O sr. Guardiola é melhor que Felipão? Claro que não é! Porque esse moço ilustre não se candidata a treinador de um clube brasileiro? Seria uma experiência e tanto inclusive para observar a capacidade do moço atuando aqui e até pra se fazer uma analogia entre técnicas, táticas e estratégias de trabalho, o que se pratica em termos de futebol aqui e na Europa.
    Se o Guardiola treinar um clube brasileiro não permanece mais de uma temporada no cargo e joga o chapéu porque para ser treinador AQUI sim tem que ter cabelo no peito e ser competente.    
     O torcedor brasileiro é o mais chato, o mais exigente, o mais metido a técnico, o que mais pede a cabeça de técnico na bandeja, o que mais aplaude mas também o que mais critica, o mais murrinha, o que mais pega no pé e quando o time perde não perdoa, o mais ignorante pois ameaça até a família de treinador e jogador se o time está em má fase. Esse pobre moço não tem nem idéia da sarna que está arrumando para se coçar querendo brincar de treinador aqui no Brasil e da nossa seleção, é um sem noção do perigo que está correndo. Em contrapartida ele sempre poderá contar com a nosso complexo de vira-lata sempre aplaudindo e valorizando o que não é nosso. 
     Mas, se Guardiola viesse, garanto que teria muito mais a aprender do que ensinar. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O FUTEBOL DE R49, NO GALO, AINDA É O MELHOR DO PLANETA

      

 



         Porque o futebol que Ronaldinho Gaúcho está jogando no galo é, AINDA, o melhor do planeta? Para uma melhor análise sobre essa questão é preciso fazer uma analogia sobre o futebol disputado hoje e o futebol cadenciado de outras épocas. Como sabemos, o futebol sofreu transformações táticas que o deixaram com características muito diferentes de antigamaente e uma delas, a mais importante, é que ficou tremendamente mais disputado e competitivo.
       Nos bons tempos de Pelé, Clodoaldo, Rivelino, Garrincha, a bola rolava com mais liberdade no gramado, bem diferente de hoje quando é vigiada e roubada por qualquer desatenção, mínima que seja, do atleta que a tenha a seus pés. Felipão numa entrevista que revoltou muitos craques do passado afirmou que o futebol da época de pelé era mais fácil de ser jogado e, bem a seu geito gauchão, disse era uma época em que se amarrava cachorro com linguiça.
        Pois apesar das tremendas transformações táticas ocorridas dentro do campo a diferença entre o futebol jogado por R49 e o futebol jogado pelos craques do passado é nenhuma porque o que o dentuço faz em campo é o improvável, é coisa que ele, apenas ele e uns poucos no futebol brasileiro e mundial conseguem fazer que é jogar o futebol clássico como o jogado antigamente na era do futebol rápido, competitivo e "moderno". Por isso é um gênio e não apenas um craque como o Neymar e outros que desfilam suas habilidades individuais pelos campos de futebol.
      O que a torcida atleticana assistiu nesses seis inesquecíveis meses foi o desfile dessa contradição histórica entre R49 e a evolução do futebol a que estou me referindo. Quem nunca se perguntou como é que ele faz e consegue isso, mesmo com marcação cerrada, rápida e em cima? Como consegue dominar a bola e mantê-la a seus pés no tempo justo para bolar a jogada que pode ser uma assistência, uma arrancada em direção ao gol ou um drible desconcertante?
     O que a torcida do galo viu e aprendeu nos campos brasileiros e principalmente no Independência é que o jogo com o R49 é coletivo na sua essência porque é distributivo e participativo. Eu diria até que feliz é o treinador que tem na sua equipe um comandado similar a R49 mas se tiver o próprio, o original, é a glória. E Cuca que não é bobo nem nada sabe disso. Mais felizardo ainda é o jogador de futebol que tem o privilégio de jogar ao lado do craque porque, sem dúvida, quando isso ocorre todos melhoram. Todos já entenderam o recado que R49 passa a cada momento que está com a redonda sob sua guarda, que o futebol quando pensado e jogado em prol da coletividade se qualifica em todos os quadrantes do campo e que seu contrário, a individualidade, mata o conjunto. Querem um bom exemplo? No decorrer desse brasileirão, inúmeras vezes, o torcedor santista assistiu Neymar brilhar em campo mas em jogos considerados medíocres e isso tem explicação justamente no futebol essencialmente individual do craque da camisa dez do Santos.
        É preciso entender que no campo da economia, a teoria capitalista, que na essência prega a individualidade sobrepondo-se a coletividade, se desenvolveu pelo mundo e venceu o jogo, contudo, no campo do futebol e na maioria dos esportes, a individualidade nunca conseguirá se sobrepor a coletividade e, por isso, o futebol jogado pelo genial R49 eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo é efetivamente AINDA o melhor do planeta.
          Quanto a permanência do gênio em BH torço que aconteça mesmo, que ele fique e que esse laço de amor entre a torcida do galo e o ídolo não se rompa, que ambos conquistem títulos e glórias para o clube.
        Contudo, se nada der certo e o craque escolher ir embora, o torcedor do galo deve entender que o mundo do futebol e as relações trabalhistas entre atletas e clubes também sofreram grandes transformações e mudanças radicais pois tornou-se mais profissional e menos afetiva embora, dependendo das circunstâncias, possa vir a existir paixão dos dois lados como é o caso de R49 e a torcida do galo.
          A bem da verdade a passagem do R49 pelo galo ocorreu por um golpe de sorte e de esperteza do presidente do clube que, num momento difícil do atleta, trouxe para o clube sem gastar um tostão e por um salário bastante módico para um contrato com uma das maiores estrelas do futebol mundial.
      A pergunta que todos deveriam ter feito e não fizeram é porque R10, que jogou um belo futebol no início no flamengo, similar ao que está jogando no galo depois decaiu tão repentinamente? Ora, se ninguém desaprende de jogar futebol da noite para o dia e se o galo não estaria disposto a repetir as mesmas sacanagens que o flamengo porque Kalil não fez um contrato de pelo menos um ano? Sei...não quis arriscar, mas agora também ninguém pode reclamar se o ídolo não ficar.
        É preciso aceitar que no futebol de hoje não se joga só por amor a camisa, foi-se esse tempo, nem atleta e muito menos os clubes se relacionam romanticamente, aliás, amor só existe na cabeça do torcedor e sua paixão pelo time do coração e não poderia ser diferente, sem esse amor da torcida que graça teria assistir uma partida de futebol?