Cena ocorrida no Colégio
Municipal Maria Luiza de Melo, Campinas, São José, SC divulgada
pelos canais televisivos da Grande Florianópolis e que causou toda a
espécie de reação nas pessoas, desde indignação pela atitude da
professora xingando a aluna de merda, piriguete, etc. como também pelo
pouco caso, pela zombaria, pelo desdém dos alunos com relação a
situação que se apresentava. Com toda certeza muitos dos que
assistiram esse vídeo dirão: que cena horrível! Horrível sim, mas
bastante comum nos dias de hoje uma vez que, o destempero da
professora de Matemática está inserido num contexto de indisciplina
comum nesse nosso mundo moderno, tecnológico e informatizado mas
nada agradável de se viver principalmente para um professor no
espaço limitado de uma sala de aula.
Foi o tempo que o
mestre era aquela figura respeitável na comunidade e temida pelos
alunos dentro da sala de aula. Foi o tempo que a autoridade do mestre
se preciso fosse fazia prevalecer por meios poucos democráticos e bem
guardados pelos muros dos colégios internos, das escolas primárias
e de ensino ginasial. Hoje as cenas do cotidiano de uma sala de aula
podem de repente virar domínio público como esse caso em questão.
Professor que se cuide pois o aluno que se sinta prejudicado por uma
avaliação ou que se revolte por alguma atitude mais crítica pelo
seu fraco desempenho escolar pode muito bem gravar uma aula completa,
fazer uma edição caprichada contendo apenas aquilo que seja do seu
interesse para prejudicar o professor e mostrar para o país inteiro.
A aluna que a
professora xingou entre outras coisas de piriguete foi a mesma que
depois deu entrevista para a RBS com aquela cara de santinha de
capela. Concordo com a falta de qualidade na Educação mas, ao mesmo
tempo, não se pode negar, porque está evidente demais, que a
instituição familiar não tem dado conta no que é da sua
responsabilidade: a formação do caráter baseado em valores e
princípios éticos, morais, de crianças e adolescentes que
depois serão os alunos que frequentarão os bancos escolares. Para
dizer a verdade, nesse sentido, estamos vivendo dias bicudos...
Gostei muito do comentário postado por um pai de aluno dessa escola e que diz assim:
Gostei muito do comentário postado por um pai de aluno dessa escola e que diz assim:
"
Complicado!!!... Essa professora dá aula para minha filha, o
problema é que nós pais precisamos ser mais presentes nas vidas das
crianças e adolescentes. Os
professores tem o dever de informar, passar o conhecimento aos
alunos. Cabe aos pais o dever de educar. Claro que a professora não
fez isso por nada, o problema é que cabe à ela tomar providencia
para que não chegue a esse ponto. Agora a professora perdeu a razão,
e todos vão ter que conviver com as consequências".
Nos
meus vinte e dois anos como professor participei de muitas reuniões
entre professores, direção e equipe pedagógica para discutir esse
tema antigo mas sempre atual que é a indisciplina dos alunos. No
final sempre prevalece a impressão que as discussões e os planos
para enfrentar o problema de indisciplina não conseguem ultrapassar
os limites do Projeto Político Pedagógico, qual seja, parece
existir uma dicotomia entre a teoria e a prática que torna difícil encontrar um ponto comum de ação porque se discute muito mas é
na sala de aula que a relidade se mostra.
Não
pretendo de forma alguma me lançar numa investida pedagógica para
mostrar os caminhos a serem percorridos por um professor para
alcansar uma razoável disciplina em sala de aula até porque não
sou tão arrogante assim mas posso dar um pequeno e sutil toque de como
enfrentar os maus momentos que passamos em companhia dos alunos mais
indisciplinados. Volto então ao que foi falado pelo pai do aluno
quando ele diz que -"nós pais precisamos ser mais
presentes nas vidas das crianças e adolescentes.
Os professores tem o dever de informar, passar o
conhecimento aos alunos. Cabe aos pais o dever de educar".
Na
minha opinião além dos pais serem mais presentes na vida de crianças e adolescentes deveriam também e, principalmente, serem mais
presentes na vida escolar de seus filhos para auxiliar professores e escola a
carregar esse fardo de responsabilidade pesado que é educar e formar
um ser para um futuro melhor. Nesse sentido entendo que um dos
maiores equívocos da escola é não apostar em inciativas mais
eficazes, mais consistentes, para inserir a família do aluno de forma ampla e irrestrita
no cotidiano escolar.
Naturalmente que existe dentro de cada um de nós
um certo receio de expor nossas fraquezas para o mundo exterior e professor e escola não são diferentes mas como a tecnologia e o
modernismo estão tratando disso e muito bem, pois basta uma câmera
na mão e tudo o que ocorre dentro de uma sala de aula pode ser registrado em questão de segundos, o que perde a escola em convidar os país dos alunos, por exemplo, de
participar ativamente das aulas?
Pelo
menos eles não ficariam em casa reféns apenas dos depoimentos que
seus filhos fazem sobre professores e escola e teriam "in loco"
uma pequena amostra do que os professores passam em sala de aula.