Sei lá, sou do tempo dos que acreditam que o melhor lugar para criar e formar
o caráter de uma criança é a família. Está mais que na hora de
percebermos que o nosso mundo capitalista cujo sistema nós
escolhemos para viver está nos empurrando para um consumismo
exacerbado e que exige de nós cada vez mais esforço, trabalho e
tempo. Nessa perspectiva, o trabalho não pode ser apontado como o
vilão da história mas é que ele subtrai o tempo das pessoas até
para cuidar dos filhos.
Na
família tradicional e "machista" o homem trabalhava e
sustentava sozinho a casa ficando a esposa com a criação dos filhos
e foi assim até meados do século XX, contudo, o movimento feminista
provocou muitas transformações sociais entre as quais a colocação
da mulher no mercado de trabalho.
Em
meio a essas mudanças creio que não se cogitou qual seria o destino
dos filhos do casal moderno, afinal, a esposa devotada ao lar deixou
de ser dona da casa e cuidadora dos filhos para buscar formação
profissional e colocação no mercado de trabalho, quem a
substituiria?
Em
algumas famílias a tarefa de cuidar das crianças passou para os
avós mas as doenças advindas da idade cobram um preço alto demais por
esse cuidado. Quando o mercado de trabalho descobriu que, além da
experiência, o idoso se constitui mão de obra barata lá se foram
as últimas esperanças da criança crescer junto a família.
Então
surgiram as creches, milhares delas espalhadas pelo Brasil e,
asssistindo aos programas de rádio e da televisão vejo que os
candidatos a prefeito das nossas cidades repetem até a exaustão
que vão construir mais e mais creches com perspectiva de abertura
dos estabelecimentos inclusive nos sábados, domingos, feriados, 24
horas por dia.
Dessa
forma, não nos resta outro recurso que acreditar que num futuro
bastante próximo a creche vai substituir a família não apenas na
criação como também na formação das nossas crianças. Ficarão
nessas instituições agrupadas e sem contato maior com a família,
com os pais, os avós, os tios, os irmãos, os primos, os filhos do
vizinho, os amiguinhos da rua. Agrupados em creches vão ser
"formatados" para pensar igual, agir igual e, no período
escolar, os professores vão ter que abrir mão da saudável
convivência com as diferenças culturais e históricas de cada um,
individualmente.
Muitos
pais e mães estão entregando suas crianças nas mãos de outras
cuidadoras para ter mais tempo para muitas coisas que não
necessariamente trabalhar para ajudar no sustento da família. Vamos
ser francos, não se trata de cesta básica e sobrevivência,
queremos consumir o que está na moda, roupas, jóias, carros,
queremos construir casas, adquirir eletrodomésticos e toda sorte de
invenções tecnológicas que surgem a todo momento.
Eu
não sou dono da verdade e não tenho a menor intençao de buscar
culpados, de afirmar irresponsavelmente que a instituição creche seja a única culpada
pelo caos que está a vida de muitos jovens de hoje em dia nem de
ensejar que concordem comigo mas deixo aqui alguns recortes que
considero importantes.
- Quem
pode culpar a mulher por buscar sua realização profissional num
mundo cada vez mais exigente, moderno e competitivo? Ninguém!
- Quem
pode culpar os governantes quando atendem aos apelos da população
para que construam tantas creches, quantas forem necessárias para que os
pais possam trabalhar e cuidar da vida? Ninguém!
Mas
levando-se em conta que a sociedade é constituída por cada um de
nós que habita esse planeta e, portanto, somos responsáveis por
essa sociedade que se diz moderna sugiro uma última reflexão:
- Se
estamos assistindo em muitos jovens o recrudescimento da violência, do ódio, das barbáries, do desamor e do desapego a
família, do desrespeito aos pais, se estamos observando o
recrudescimento da delinquência juvenil, do consumo das drogas, dos
atos insanos e até de suicídios entre moças e rapazes podemos nos fazer de
bobos e perguntar SERÁ QUE ERRAMOS? Não, acho que não
podemos pois, com certeza, em alguma época, em algum momento, deixamos de fazer o que deveria ser feito em prol da juventude, em prol de nossos filhos e do futuro deles...
Nenhum comentário:
Postar um comentário