quinta-feira, 25 de outubro de 2012

QUANDO A PROFESSORA PERDE O CONTROLE...




              Cena ocorrida no Colégio Municipal Maria Luiza de Melo, Campinas, São José, SC divulgada pelos canais televisivos da Grande Florianópolis e que causou toda a espécie de reação nas pessoas, desde indignação pela atitude da professora xingando a aluna de merda, piriguete, etc. como também pelo pouco caso, pela zombaria, pelo desdém dos alunos com relação a situação que se apresentava. Com toda certeza muitos dos que assistiram esse vídeo dirão: que cena horrível! Horrível sim, mas bastante comum nos dias de hoje uma vez que, o destempero da professora de Matemática está inserido num contexto de indisciplina comum nesse nosso mundo moderno, tecnológico e informatizado mas nada agradável de se viver principalmente para um professor no espaço limitado de uma sala de aula.

             Foi o tempo que o mestre era aquela figura respeitável na comunidade e temida pelos alunos dentro da sala de aula. Foi o tempo que a autoridade do mestre se preciso fosse fazia prevalecer por meios poucos democráticos e bem guardados pelos muros dos colégios internos, das escolas primárias e de ensino ginasial. Hoje as cenas do cotidiano de uma sala de aula podem de repente virar domínio público como esse caso em questão. Professor que se cuide pois o aluno que se sinta prejudicado por uma avaliação ou que se revolte por alguma atitude mais crítica pelo seu fraco desempenho escolar pode muito bem gravar uma aula completa, fazer uma edição caprichada contendo apenas aquilo que seja do seu interesse para prejudicar o professor e mostrar para o país inteiro.

          A aluna que a professora xingou entre outras coisas de piriguete foi a mesma que depois deu entrevista para a RBS com aquela cara de santinha de capela. Concordo com a falta de qualidade na Educação mas, ao mesmo tempo, não se pode negar, porque está evidente demais, que a instituição familiar não tem dado conta no que é da sua responsabilidade: a formação do caráter baseado em valores e princípios éticos, morais, de crianças e adolescentes que depois serão os alunos que frequentarão os bancos escolares. Para dizer a verdade, nesse sentido, estamos vivendo dias bicudos... 
           Gostei muito do comentário postado por um pai de aluno dessa escola e que diz assim:



" Complicado!!!... Essa professora dá aula para minha filha, o problema é que nós pais precisamos ser mais presentes nas vidas das crianças e adolescentes. Os professores tem o dever de informar, passar o conhecimento aos alunos. Cabe aos pais o dever de educar. Claro que a professora não fez isso por nada, o problema é que cabe à ela tomar providencia para que não chegue a esse ponto. Agora a professora perdeu a razão, e todos vão ter que conviver com as consequências".



             Nos meus vinte e dois anos como professor participei de muitas reuniões entre professores, direção e equipe pedagógica para discutir esse tema antigo mas sempre atual que é a indisciplina dos alunos. No final sempre prevalece a impressão que as discussões e os planos para enfrentar o problema de indisciplina não conseguem ultrapassar os limites do Projeto Político Pedagógico, qual seja, parece existir uma dicotomia entre a teoria e a prática que torna difícil encontrar um ponto comum de ação porque se discute muito mas é na sala de aula que a relidade se mostra.

        Não pretendo de forma alguma me lançar numa investida pedagógica para mostrar os caminhos a serem percorridos por um professor para alcansar uma razoável disciplina em sala de aula até porque não sou tão arrogante assim mas posso dar um pequeno e sutil toque de como enfrentar os maus momentos que passamos em companhia dos alunos mais indisciplinados. Volto então ao que foi falado pelo pai do aluno quando ele diz que -"nós pais precisamos ser mais presentes nas vidas das crianças e adolescentes. Os professores tem o dever de informar, passar o conhecimento aos alunos. Cabe aos pais o dever de educar".

            Na minha opinião além dos pais serem mais presentes na vida de crianças e adolescentes deveriam também e, principalmente, serem mais presentes na vida escolar de seus filhos para auxiliar professores e escola a carregar esse fardo de responsabilidade pesado que é educar e formar um ser para um futuro melhor. Nesse sentido entendo que um dos maiores equívocos da escola é não apostar em inciativas mais eficazes, mais consistentes, para inserir a família do aluno de forma ampla e irrestrita no cotidiano escolar. 
           Naturalmente que existe dentro de cada um de nós um certo receio de expor nossas fraquezas para o mundo exterior e professor e escola não são diferentes mas como a tecnologia e o modernismo estão tratando disso e muito bem, pois basta uma câmera na mão e tudo o que ocorre dentro de uma sala de aula pode ser registrado em questão de segundos, o que perde a escola em convidar os país dos alunos, por exemplo, de participar ativamente das aulas?

        Pelo menos eles não ficariam em casa reféns apenas dos depoimentos que seus filhos fazem sobre professores e escola e teriam "in loco" uma pequena amostra do que os professores passam em sala de aula.




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