Porque o futebol que Ronaldinho Gaúcho está jogando no galo é, AINDA, o melhor do planeta? Para uma melhor análise sobre essa questão é preciso fazer uma
analogia sobre o futebol disputado hoje e o futebol cadenciado de outras épocas. Como sabemos, o futebol sofreu transformações táticas que o deixaram com
características muito diferentes de antigamaente e uma delas, a mais
importante, é que ficou tremendamente mais disputado e competitivo.
Nos bons tempos de Pelé,
Clodoaldo, Rivelino, Garrincha, a bola rolava com mais liberdade
no gramado, bem diferente de hoje quando é vigiada e roubada por
qualquer desatenção, mínima que seja, do atleta que a tenha a seus pés.
Felipão numa entrevista que revoltou muitos craques do passado
afirmou que o futebol da época de pelé era mais fácil de ser
jogado e, bem a seu geito gauchão, disse era uma época em que se
amarrava cachorro com linguiça.
Pois apesar das tremendas
transformações táticas ocorridas dentro do campo a diferença
entre o futebol jogado por R49 e o futebol jogado pelos craques
do passado é nenhuma porque o que o dentuço faz em campo é o
improvável, é coisa que ele, apenas ele e uns poucos no futebol
brasileiro e mundial conseguem fazer que é jogar o futebol clássico como
o jogado antigamente na era do futebol rápido, competitivo e
"moderno". Por isso é um gênio e não apenas um craque
como o Neymar e outros que desfilam suas habilidades individuais
pelos campos de futebol.
O que a torcida atleticana
assistiu nesses seis inesquecíveis meses foi o desfile dessa
contradição histórica entre R49 e a evolução do futebol a que estou me
referindo. Quem nunca se perguntou como é que ele faz e consegue
isso, mesmo com marcação cerrada, rápida e em cima? Como consegue
dominar a bola e mantê-la a seus pés no tempo justo para bolar a
jogada que pode ser uma assistência, uma arrancada em direção ao
gol ou um drible desconcertante?
O que a torcida do galo viu e aprendeu nos campos brasileiros e principalmente no
Independência é que o jogo com o R49 é coletivo na sua
essência porque é distributivo e participativo. Eu diria até que
feliz é o treinador que tem na sua equipe um comandado similar a R49
mas se tiver o próprio, o original, é a glória. E Cuca que não é bobo nem nada sabe disso. Mais felizardo
ainda é o jogador de futebol que tem o privilégio de jogar ao lado do craque porque, sem dúvida, quando isso ocorre todos melhoram. Todos já entenderam o recado que R49 passa a cada momento que está com a redonda sob sua guarda, que o
futebol quando pensado e jogado em prol da coletividade se qualifica
em todos os quadrantes do campo e que seu contrário, a individualidade, mata o conjunto. Querem um bom exemplo? No
decorrer desse brasileirão, inúmeras vezes, o torcedor santista
assistiu Neymar brilhar em campo mas em jogos considerados medíocres e isso tem
explicação justamente no futebol essencialmente individual do
craque da camisa dez do Santos.
É preciso entender que no campo
da economia, a teoria capitalista, que na essência prega a
individualidade sobrepondo-se a coletividade, se desenvolveu pelo mundo e venceu o jogo, contudo, no
campo do futebol e na maioria dos esportes, a individualidade nunca
conseguirá se sobrepor a coletividade e, por isso, o futebol jogado
pelo genial R49 eleito por duas vezes o melhor jogador do mundo é
efetivamente AINDA o melhor do planeta.
Quanto a permanência do gênio
em BH torço que aconteça mesmo, que ele fique e que esse laço
de amor entre a torcida do galo e o ídolo não se rompa, que ambos
conquistem títulos e glórias para o clube.
Contudo, se nada der certo e o craque escolher ir embora, o
torcedor do galo deve entender que o mundo do futebol e as relações trabalhistas entre
atletas e clubes também sofreram grandes transformações e mudanças radicais pois tornou-se mais
profissional e menos afetiva embora, dependendo das circunstâncias,
possa vir a existir paixão dos dois lados como é o caso de R49 e a
torcida do galo.
A bem da verdade a passagem
do R49 pelo galo ocorreu por um golpe de sorte e de esperteza do
presidente do clube que, num momento difícil do atleta, trouxe para
o clube sem gastar um tostão e por um salário bastante módico para
um contrato com uma das maiores estrelas do futebol mundial.
A pergunta que todos
deveriam ter feito e não fizeram é porque R10, que jogou um belo futebol
no início no flamengo, similar ao que está jogando no galo depois
decaiu tão repentinamente? Ora, se ninguém desaprende de jogar
futebol da noite para o dia e se o galo não estaria disposto a
repetir as mesmas sacanagens que o flamengo porque Kalil não fez um
contrato de pelo menos um ano? Sei...não quis arriscar, mas
agora também ninguém pode reclamar se o ídolo não ficar.
É preciso aceitar que no futebol de hoje não se joga só por
amor a camisa, foi-se esse tempo, nem atleta e muito menos os clubes se relacionam romanticamente, aliás, amor só existe na cabeça do torcedor e sua paixão pelo time do coração e não poderia
ser diferente, sem esse amor da torcida que graça teria assistir uma partida de
futebol?
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