terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A DITADURA DO RISO

     Tenho cinco filhos, três nasceram com o dom da graça, do riso e do bom humor. A Michelle, o Jacques e o Robson não perdem a piada por nada nesse mundo. Não são melhores nem piores que os outros dois irmãos, o Charles e o Jefferson, mas é da natureza deles espalhar bom humor por onde passam. Pensando nisso resolvi escrever alguma coisa sobre o que eu considero a ditadura do riso imposta injustamente às pessoas que não nasceram com esse dom e que por isso sofrem discriminação.
    Quem aqui já não ouviu ou quem sabe já não se manifestou sobre pessoas que não tem muito bom humor, que nunca ou quase nunca contam uma piada, que não alegram o ambiente no clube, no trabalho, no bar, etc. É sobre isso que eu quero falar e também perguntar: - onde está escrito que as pessoas tem essa obrigação, a de alegrar certos ambientes? Quem tem essa obrigação, a de espalhar o riso, alegria e bom humor são os humoristas profissionais, até porque são bem pagos para isso. Aí eu fico pensando se essas pessoas que não toleram ambiente sério e defenestram os ditos "chatos sérios" do seu meio se elas são felizes de verdade ou se procuram nos outros o que não conseguem de sí próprios -  um pouco de felicidade.
     Vivemos numa sociedade em que as pessoas, na sua grande maioria, colocam defeitos e virtudes numa balança e fazem com que a mesma penda sempre para o lado pior, ou seja, percebem apenas os defeitos e desprezam as virtudes das pessoas em sua volta, tem os que selecionam os amigos pela cor da pele, tem os que miram seus pares com olhar seletivo do cifrão e não preciso dizer mais nada sobre essa gente, tem os que são escravos da estética, da beleza, do corpo bonito e não valorizam nas pessoas o sentimento, os princípios éticos, a solidariedade, a bondade, a sinceridade, não se importam o quão fútil a pessoa seja, importa que seja "bonita"...Só que, depois dessas más  escolhas que fazem pela vida, não encontram o que, à priori, é o que buscamos e desejamos – a felicidade.
    Eu, francamente, repudio a ditadura do riso e acho que é um erro distribuir felicidade por atacado e   varejo. Entendo que a única coisa que devemos às pessoas a nossa volta é boa educação e respeito. E essas pessoas que nasceram com o dom da graça, do bom humor, que alegram ambientes, deviam cobrar por seus honorários. Estou exagerando com certeza mas não acho justo  alegrar gratuitamente o ambiente de gente que não é feliz porque não escolheu amar seu próximo.

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