sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

FILHOS, EDUCAÇÃO E LIMITES

        Outro dia estava no Bistek fazendo compras com minha esposa, tudo ia muito bem até vermos uma cena chocante, um moleque de uns quatro, cinco anos, chutava selvagemente as canelas, hora da mãe, hora da vó e ambas executavam um verdadeiro bailado para fugir da fúria e dos chutes do capetinha. A mulher dizia: - a mãe não pode comprar esse carrinho de controle remoto, é muito caro, mas o guri queria por que queria aquele objeto de desejo dele e investia furiosamente contra as senhoras. Não preciso dizer que o sangue ferveu nas veias, que vontade de ir lá e...mas pensando melhor me dei conta  que não era uma boa, as duas mulheres vítimas daquele sadicozinho seriam as primeiras a me escorraçar por intromição na vida alheia. Seguimos nosso caminho, minha esposa e eu. Pouco depois, na fila do caixa, encontramos novamente  as duas senhoras e o menino, todo faceiro, todo sorrisos, com seu carrinho de controle remoto.
       Esse é o quadro atual da educação que os pais dão a seus filhos seja lá pelo motivo que for. As crianças estão impondo suas vontades, e, não raramente, agem como verdadeiros ditadores de calças curtas, humilhando, constrangendo suas vítimas até conseguirem o que querem. Dá uma vontade louca de puxar com bastante força as orelhinhas de um moleque desses, não dá? Contudo, o trágico nessa relação cujos pais são vítimas de seus filhos é que as vítimas, os pais, é que são os culpados. Criança não nasce mal educada, agressiva, impertinente nem teimosa, ela aprende a ser assim em casa, junto a família. Eu não posso imaginar uma boa formação infantil sem esses dois norteadores: o bom exemplo e os limites. Eu também não posso imginar uma boa educação se os pais pensarem que os filhos vão aprender sozinhos a serem educados. E tem mais, pais displicentes falam que a criança é assim, teimosa, porque puxou o avô, ou a mãe ou ele próprio, "é igualzinho a mim quando era criança" e essa é outra forma torta de educar, de lavar as mãos na tão dificil quanto complexa tarefa de educar .
       Não preciso enumerar quais são os bons exemplo que os pais devem passar para seus filhos  mas posso afirmar sem medo de errar qual é a palavra mágica para estabelecer limites necessários para uma boa formação, essa palavra mágica é NÃO. Não estou dizendo que sempre tem que ser não, a busca pelo equilíbrio entre sim e não é a tarefa imposta para moldar um bom caráter, para criar uma atmosfera familiar de ações pautadas no bom senso. Aquela mãe do supermercado Bistek agiu corretamente  quando disse para o filho que não podia comprar o carrinho por ser caro demais, estava justificando o NÃO, mas se equivocou completamente quando se rendeu às pressões da criança.
     Educar significa negociar com os filhos e estabelecer as regras familiares, regras que as crianças devem seguir senão se tornam inócuas. Contudo, a criança deve ter compreensão de que as regras tem como fundamento a busca do que é melhor para ela, por exemplo, se os pais estabelecem um horário para o filhos dormirem ou ficar frente ao computador, ao mesmo tempo devem explicar que criança para ter boa saúde precisa de dormir doze horas de sono, ou que a exposição muito tempo frente a tela do computador prejudica a visão, coluna, etc. Educar exige, acima de tudo, justiça, ou seja, as regras devem valer para todos obedecendo, é claro, a idade dos filhos. Não existe nada que machuque mais um ser humano que o sentimento de injustiça e a criança não é diferente. Pais de verdade não  elegem entre seus filhos seu filhinho queridinho, o NÃO deve valer para todos, indistintamente.         
       Hoje em dia o que mais se ouve é que está muito caro manter uma família, é verdade, mas você amiga, amigo, que está planejando aumentar a família, tenha em mente que o lado financeiro é o que menos importa na criação de um filho. Podes dar uma vida confortável para ele, mimá-lo com todos os presentes, atender suas necessidades materiais e, mesmo assim, não impedir que seja uma criança infeliz e um adulto inseguro. Bons exemplos, justiça nas regras e limites não só educam como formam mentes equilibradas e felizes, o resto é figuração.       

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