quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O AMOR, O QUE É O AMOR?

                
                                 
         Vou começar este texto me perguntando até onde vai a falta de amor entre as pessoas no momento em que vejo no noticiário da Globo que, numa dessas cidades do interior, um homem havia assassinado a mulher a machadadas. O sujeito foi preso em flagrante e, em depoimento, afirmou que matou por amor, a esposa não queria mais nada com ele que a amava demais, não suportava a idéia de perdê-la. Matou-a.   
        Nos romances o personagem mata a mulher amada e depois se suicida mas na vida real isso quase nunca ocorre. Fiquei em frente da televisão pasmado e pensando como hoje em dia se mata por ( amor )? E a merda é que quase todo dia tem gente matando ou morrendo por amor. Em primeiro lugar não acredito quem um assassino esteja em plena posse de seus sentimentos amorosos quando está espetando impiedosamente sua vítima pelo contrário, são os seus sentimentos de ódio mais enraizados e profundos  que estão ali presentes na tragédia. Deixemos então bem claro que o amor nada tem a ver com esses crimes, apenas servem de justificativa para que os algozes os executem. Absorto, meus pensamentos me conduzem a um emaranhado de dúvidas mas a certeza que se insere perfeitamente no contexto do caso em questão é: Mata-se tanto por amor, mas quando se mata não é amor, é ódio, sendo assim, que sentimento é esse, o amor?
       Desde que nascemos ouvimos o verbo amar conjugado em todos os tempos. O amor está escrito nas poesias, nos sermões na igreja, nos cultos, nas músicas do Roberto principalmente. Longe de mim querer contrariar o Rei, mas não posso deixar de imaginar certas coisas com relação ao amor, por exemplo, quantas pessoas sofrem por amor, nesse momento, no Brasil e no mundo inteiro? Em nome do amor quantos já morreram, quanto já mataram suas namoradas, esposas ou amantes? Quantos se suicidaram por causa de um amor perdido ou não correspondido? Quanto de traição e falsidade permeiam as relações amorosas na luta e conquistas entre homens e mulheres em busca do dito amor? É muita coisa ruim por trás de tão nobre sentimento não acham? É por essa e por outras que eu ando com a pulga atrás da orelha com relação a esse substantivozinho abstrato chamado AMOR. No meu entendimento a culpa primeiramente é dos traumaturgos e poetas que, muito convenientemente para eles inventaram, endeusaram e glorificaram o termo AMOR para dar substância a seus romances escritos em prosa e verso.
        A glorificação do amor é, desde sempre, percebida nos escritos poéticos, nos capítulos de romances e no cenário das tramas teatrais e cinematográficos e foi sutilmente infiltrado para dentro do contexto das relações entre o homem e a mulher. Dessa forma eu me permito deduzir o seguinte: a escrita é uma construção humana, logo antes de ser criado o termo as pessoas se conheciam e construiam suas relações sem dizer te AMO!!! Nesse tempo as pessoas não morriam nem matavam por amor, quem sabe por sexo sem romance e sem frescura.  Tanto é verdade que depois da invenção do amor dizer que eu gosto, dizer que tenho carinho já não é a mesma coisa que dizer te amo, não tem o mesmo apelo sentimental. Bons eram aqueles tempos em que o homem tascava uma porretada na moleira da escolhida e a arrastava profundamente adormecida para sua caverna para viverem felizes para sempre. Depois surgiu a escrita, o teatro, a poesia, os romances em prosa e verso e, finalmente, O AMOR. Com amor poetas e artistas de todas as artes deram início as grandes obras e jornadas literárias carregadas de sentimentos de afeto, de luxúria, de discórdia, de ódio, de paixão, de juramentos, traições e outras falsidades moldando nos personagens a figura do heroi ou do bandido seja homem ou mulher.
      Poetas e romancistas narram todo tipo de histórias que discorrem sobre as indiossincrasias inerentes ao ser humano, nelas o amor adquire variadas formas mas sempre com aquela suave aura de mistério, de doce sentimento que, dependendo da situação, pode ter o sabor  do mel ou sabor amargo do fel.
    No aspecto gramatical da palavra AMOR podemos observar que é silabicamente muito bem articulada, é um conjunto de quatro letras fáceis de pronunciar: A+M+O+R. Outra sutileza do termo está relacionado a relatividade do termo, a proposital dificuldade de lhe encontrar um significado definitivo, quem nunca se viu na dificuldade de encontrar um significado para o termo AMAR? Fiz essa pergunta certa vez para amigos e amigas e observei que sempre começavam assim: o amor...bem...sei lá....acho que ... de certeza mesmo ninguém sabe e se não sabemos o que signidfica o que é AMOR como podemos saber o que significa estar amando ( ou não )?
       Que AMOR é a palavra mais repetida na literatura isso todo sabe, é ler um romance, uma poesia, um conto para perceber isso além do mais e como já disse AMOR compõe as tintas das obras de arte, das poesias e dos romances, está inserido nos sermões e cultos religiosos, nos discursos políticos, nem as receitas culinárias lhe escapam, não se diz que tudo que é feito com amor tem mais sabor? Então, como não poderia deixar de ser, esse substantivozinho abstrato de tanto ser glorificado passou a ser ingrediente principal e fundamental na busca da felicidade, sem amor ninguém pode ser feliz e ponto final.
       É incrível como as pessoas falam que amam. O amor está expresso em todo lugar e em todos os idiomas e, indistintamente, em todas classes sociais. Fico pensando o que seria se ninguém tivesse criado essa expressão AMOR para exprimir sentimento que sentimos por alguém especial em nossas vidas. Seríamos menos felizes? Na verdade desde que nascemos estamos fadados a viver na busca por um amor e loucos para dividir este sentimento com alguém, este sentimento abstrato mas que nos apresentaram como tão denso, sentimento eqüidistante que pode estar em qualquer lugar ou ao nosso lado, pode até ser uma sombra nos acompanhando pela vida inteira sem que a percebamos, sem que, oh, má sorte, nunca o encontremos.
       Por amor se mata, por amor se morre tanto nos romances como na vida real e eu fico imaginando cá com meus botões se não seria melhor viver numa boa com a pessoa que escolhemos para viver ao nosso lado mas com os pés mais no chão e menos nas nuvens? Diferentemente de nós, os normais, o artista precisa do AMOR como necessita do ar para viver, afinal, o que seria de um poeta ou de um artista se não existisse o amor em suas vidas e em suas cabeças esvoaçantes? Mas para quem não é do ramo que diferença faz que o amor exista ou não? Sem amor em nossas vidas, pelo menos quem mata por amor já não teria como justificar a sua barbárie. 
      Mas por favor não confundir, não se trata de viver sem carinho, sem afeto mas de largar dessa mania que temos de romancear tudo que vivemos. Nós, os normais, precisamos é de trabalhar, produzir, sermos felizes, quem sabe sem o amor da nossa vida, sem romance, mas com parceiros(as) que nos dêem apoio que precisamos nas horas difíceis, carinho quando estamos carentes e, com um pouco de sorte, que nos acompanhem para sempre nesse lapso de tempo que vivemos aqui na terra.

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